Em 1961, exatamente no dia 25 de agosto, quando Jânio Quadros renunciou à presidência da República, o vice-presidente João Goulart encontrava-se na China fazendo os primeiros contatos para uma abertura comercial com o gigante asiático. Naquela época, muito parecida com a que estamos vivendo agora, a iniciativa governamental serviu para acirrar os ânimos de uma Guerra Fria que polarizava o mundo em disputas de hegemonia entre EUA e URSS. O alinhamento do Brasil aos Estados Unidos fez com que o fato fosse interpretado como uma aproximação ideológica com o Marxismo-leninismo. Motivou um golpe de Estado em que se pretendeu não dar posse ao vice-presidente. Foi preciso uma reação armada (Legalidade) para que se assegurasse a posse, ainda assim com alteração constitucional, transformando o presidencialismo vigente em governo Parlamentarista. Hoje a China é o principal parceiro comercial do Brasil e um dos pilares de sustentação de nossa economia.
Grandes investimentos de capitais chineses estão em projetos, em diferentes países, inclusive no Brasil, e a ideologia desapareceu das decisões, agora puramente centradas na economia e no desenvolvimento. Ninguém mais pensa em se afastar do mercado chinês e, mesmo o governo de Trump, nas suas diatribes, está mais interessado nas trocas comerciais do que em posições ideológicas. No Brasil, no entanto, estamos paralisados economicamente, há mais de 10 anos, por motivos vários e, ainda, ideológicos que sufocam nosso desenvolvimento.
As Reformas de Base, propostas pelo governo de Jango há mais de 58 anos, ainda estão em discussão e esse tem sido o motivo de constantes sobressaltos na economia e de agitação política que já motivou um golpe militar e destituição de presidentes. Estamos em um pântano, atolados até o pescoço e, quando conseguimos nos afastar desse perigo, passamos a enfrentar areias movediças que obstaculizam o Congresso e os demais poderes. Isso tudo se reflete no quadro atual de indecisões que entorpecem a Nação. O povo está inquieto, sofrendo na carne a paralisação do país. Tudo se contabiliza à ação do presidente quando as decisões dependem mais do Congresso e do Poder Judiciário. Estamos numa encruzilhada sem saber qual das estradas a tomar.
As primeiras "reformas" estão no Congresso, contaminado pelo "toma lá, dá cá" de protagonismos e interesses político-partidários. Muitas outras reformas serão necessárias e, se cada uma delas promover as divergências atuais, estaremos condenados ao caos que se aproxima. A reforma da Previdência é a primeira na lista das prioritárias, mas logo teremos de enfrentar a reforma Fiscal, a Político-eleitoral, a do Ensino, a Bancária e por aí vamos...Nesse ritmo levaremos todo o tempo desse governo e nenhum que venha substitui-lo terá êxito.
Os 25 milhões de desempregados e subempregados só poderão ser absorvidos pela indústria, lavoura e serviços. Isso depende do mercado que não se atreve a investir pela insegurança econômica vigente. Uma outra solução seria o governo investir maciçamente na infraestrutura, gerando empregos e o giro de capitais que alimentam o consumo. Para isso, deveríamos dispor de recursos próprios ou financiamentos internacionais. A rolagem da dívida interna, monstruosa, absorve 50% de toda a arrecadação e está subordinada à interesses rentistas dos capitais nacionais. Não sobra nada para a ação governamental, engessada por um orçamento deficitário de bilhões de reais, que só tende a crescer. É a antevisão do inferno!
Uma moratória na dívida interna poderia propiciar ao governo uma ação imediata e uma aceleração na economia. O Brasil possui grandes empresas, de porte internacional, que foram usadas para arrecadar propinas criminosas, mas estão capacitadas a tocar grandes obras e movimentar toda a economia nacional. Haveria uma grande grita bancária, é verdade, mas os prejudicados seriam os rentistas que jogam na Bolsa e aplicam as sobras de seus ganhos em fundos que prosperam às custas do sacrifício de 90% da população. A nacionalidade aplaudiria essa verdadeira revolução. Eu serei um dos atingidos, mas aplaudiria com entusiasmo.